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As Lições da Carnaúba (Taperoá-PB)

Aparando-se as arestas, a Fazenda Carnaúba é um exemplo para todo o pecuarista do Nordeste. Você pode até discordar de um ou outro ponto de vista, mas com certeza deverá concordar com o inegável potencial de "vender o peixe" que o senhor Manelito e seus descendentes desenvolveram. A valorização do que se produz, logicamente, só se sustenta com um mínimo de qualidade, e esta qualidade só é atingida com treinamento, essa é a primeira lição. O "Dia D" da Fazenda Carnaúba não é apenas um dia de campo, não é apenas um exposição, não é apenas uma feira de gado, ela é tudo isso e vem se constituindo em muito mais, é um evento sociocultural. A Carnaúba não é apenas uma fazenda, é uma marca que possui um conceito por trás, a valorização do ser nordestino, esta é a segunda lição. Quem diz quanto vale o seu produto? Um leitor mais desavisado diria " o mercado", não na Carnaúba, não no dia D, quem diz quanto vale são eles (quem produz) o preço está aí, pague quem quiser, esta é a terceira lição. Aliás, o valor monetário de algo ou de alguma coisa é simplesmente fruto de nossa imaginação, o resultado de uma convenção, individual ou coletiva, uma convenção individual em nada muda a realidade a sua volta, quer um exemplo? Um vendedor de galinha, uma galinha comum, que na feira em dias de hoje, gorda, vale seus R$ 40,00, se este mesmo vendedor, oferecer a galinha por R$ 100,00, sem agregar nada ao produto, com certeza ele voltará para casa sem os cem reais e com a galinha. No entanto, se ele consegue convencer que esta galinha é especial e possui uma série de atributos, migra de uma convenção individual para uma convenção coletiva, ou seja, várias pessoas passam a acreditar no potencial da galinha, assim, ele volta para casa com os R$ 100,00 (ou mais) e sem a galinha. Até aí tudo bem. Mas, se a galinha e seus descendentes não apresentarem as qualidades propagadas, na próxima feira, certamente, este vendedor terá sérios problemas. Voltemos aos ruminantes, voltemos a Carnaúba, voltemos ao "Dia D", o evento deste ano foi o sexto e cada vez cresce mais. Verifica-se ali o alcance de uma convenção coletiva sustentado por um mínimo de qualidade, o que é isso? credibilidade! (Quarta lição) Mas sejamos sinceros, um produtor comum, como eu ou você, teria dificuldades de colocar o seu produto de origem animal no mercado (e na mídia), sem ao menos possuir um selo de inspeção do órgão estadual de defesa animal, sem o sistema oficial de vigilância sanitária aferir a segurança do seu produto, mesmo colocando uma mensagem na embalagem (Este espaço é reservado para o serviço de inspeção, quando o governo reconhecer o queijo artesanal brasileiro), aliás a legislação não prevê este tipo de mensagem. De verdade, tem que se ter as costas largas, do contrário, seu produto seria apreendido e seu laticínio, fatidicamente, fechado. Falando-se em órgãos oficiais, e aí inclui-se empresas de assistência técnica (Emater) e de pesquisa agropecuária, federal e estaduais, além das universidades, possuem um papel importante no evento, surpresa até, ver tamanho entrosamento da Emparn, a empresa de pesquisa agropecuária do estado vizinho, Rio Grande do Norte, sinceramente, não vejo tamanho engajamento desta em fazendas do próprio estado (RN). Esta é a quinta lição, o relacionamento com órgão oficiais, não é fácil, pelo contrário, é difícil, mas a política também faz parte do negócio, e estas empresas a um custo relativamente baixo, podem garantir uma série de benefícios na valorização do que você produz, repito, desde que, realmente apresente um mínimo de qualidade. Que a Carnaúba siga forte, ensinando a todos nós, pecuaristas nordestinos, o nosso valor.

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